Quais traços facilitam o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem?

A complexidade e fluidez desse “mundo líquido” em que vivemos demanda uma capacidade de adaptação cada vez maior por parte de todos que estão conectados ao universo corporativo. A realidade se impõe de forma nada óbvia e muitas vezes nos pega despreparados para um novo desafio.  

Assim, a capacidade de aprendermos de forma ágil frente aos múltiplos contextos é fator diferencial para profissionais e, consequentemente, para as organizações que criam o ambiente favorável para que isso aconteça. Dessa forma, que elementos de uma cultura favorecem esse desenvolvimento e aprendizagem aos desafios? 

Antes de responder à pergunta chave, é importante termos em mente que podemos sintetizar cultura como a organização da experiência humana nas suas diferentes esferas. Considerando a corporativa, essa organização da experiência é tangibilizada pelos rituais, sistemas e comportamentos que ditam a forma desse organismo funcionar e oferecer respostas aos estímulos e demandas que vêm de fora e não são passíveis de controle ou, na maioria das vezes, previsão.  

E é aí que entra a importância de aprender rápida e constantemente! Por isso, dentre os vários elementos que podem favorecer o desenvolvimento culturas de aprendizagem, escolhi 3 traços que considero fundamentais. 

  1. Sabe tratar as falhas (pois elas certamente acontecerão): deve-se buscar coerência entre as decisões, os sistemas e os exemplos de histórias que valorizam a forma de se aprender com os insucessos, pois são uma possibilidade constante. Punir indiscriminadamente as falhas mata qualquer intenção de inovar, experimentar e aprender. 
  2. Feedback constante: abertura e frequência são fundamentais. Um ambiente de aprendizagem precisa de certa mediação, que pode não necessariamente acontecer por meio dos gestores, mas por pares e até fornecedores e clientes. Discutir os aprendizados do processo de forma objetiva, não negligenciando os fatos, e alinhar os comportamentos desejados deve estar na pauta de rituais e práticas da organização.   
  3. Abertura aos conflitos: exposição e confrontação. Num lugar onde as tentativas, experiências e aprendizagem contínua são incentivados, as pessoas ficam mais expostas. Tratar das diferenças com o foco na solução dos problemas de forma aberta, franca e respeitosa deve ser valorizado, ao invés de se buscar culpados e “donos dos problemas”. 

É claro que esses 3 pontos não esgotam as necessidades, mas já dá para você analisar se os comportamentos, rituais e sistemas da sua organização estão presentes. Por isso, pense nas seguintes perguntas, estabelecendo se as respostas são promotoras ou detratoras de uma cultura de aprendizagem: 

  • Quais são os exemplos simbólicos para a inovação e aprendizagem na minha organização? 
  • Como os sistemas, sistemas de incentivo e reconhecimento financeiro e não financeiro estão estruturados? 
  • Quais são os comportamentos mais valorizados no dia a dia? 
  • Como os rituais e feedback são incentivados? E em que frequência acontecem?

Lembre-se que cultura demanda esforço e tempo para se mudar a direção. E quando falamos de aprendizagem, muitos dos ganhos podem obedecer a uma lógica de juros compostos: no curto prazo, ganhos pequenos, mas que, no decorrer do tempo, podem se apresentar exponencialmente. Por isso, comece essa jornada por você mesmo! Como disse Steve Jobs no seu famoso discurso em Stanford, “stay hungry. Stay foolish”! 

 

Leonardo Zagotta

É CEO e Gerente de Negócios na Movidaria. Casado com a Fabiana e pai da Lulu e do Gab, preenche suas horas vagas com pedaladas, vinhos e boas conversas.

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